sexta-feira, 2 de julho de 2010

OS PROFETAS DO AVESSO.

Hoje muito se fala de música de Deus e música "do mundo". Alguns ministros de música optaram radicalmente por tocar músicas que falem somente do Senhor. Outros, utilizam-se de músicas “do mundo”, ou seculares, para serem aceitos em seus shows. E é aqui que começa o "show das polêmicas". 

Os mais imaturos utilizam-se da polêmica para chamar atenção. Isso mostra um ministério manco no serviço e na oração, além claro,  de deixar a desejar na unção.

Eu gosto de música secular. Gosto dos anos 60 e 70. Gosto de muita música suave; gosto também de umas boas baladas dos anos 70 e 80. Gosto da época da ‘disco-music’ e da ‘black-music’; dos áureos tempos dos “Jacksons five”, dos “Pholhas” e do “Pilot” com sua famosíssima Magic. Gosto da “Minnie Riperton”, da “Kate Bush” e dos acordes dos “The Raspiberries” e do “Eric Carmen”, especialmente em “Don´t Wanna Say Goodbye”.

Gosto demais da harmonia inimitável dos irmãos Gibb (os Bee Gees) em primorosas canções como “How deep is your love” e "Wildflowers". Escuto música todos os dias. Ensino meus filhos a ouvir as boas canções. Tenho minhas preferências. Gosto de escutar todas elas. Não acho tudo “coisa do demônio”. A inspiração à arte é coisa divina. Mas também peguei o gosto nessa caminhada de separar “joio de trigo” e saber usar a arma certa para o inimigo certo.

Como testemunho poderia dizer com serenidade de quem escuta música secular: “Eu não toco música secular quando a obra é de Deus”. Por uma simples razão: optei pela inspiração que O Espírito tem dado a tanta gente na Igreja.

Falar deste assunto é correr numa pista de ovos, mas o objetivo deste artigo não é somar polêmicas, e sim tentar lançar um olhar mais espiritual sobre as “coisas do Senhor”. Nestes quase 20 anos trabalhando na música católica aprendi algumas coisas com os "Mestres da música católica". por isso, gostaria de partilhar com você alguns pontos que me fizeram optar por não inserir músicas seculares em shows católicos.  

A MOÇÃO.
Quando alguém compõe uma canção, a letra e a melodia não são aleatórias. Sempre tem uma inspiração por detrás de uma composição: uma moção. E esta moção pode traz uma intensidade positiva ou negativa. Por exemplo, uma canção que teve moção de sensualidade, abre brechas perigosas no campo da sexualidade. Como eu posso "pegar" uma música que a dançarina quase se masturbou no palco e tocar para Nossa Senhora? Eu não consigo. Seria um desacato. A moção que levou o artista a compor sua canção deve ser levada em conta antes de "trocar só a letra da música".

A EMOÇÃO.
A emoção é a “agitação dos sentimentos”. O emocionalismo de um cantor ou cantora é repassado em suas apresentações. Todo mundo sabe disso. E todo mundo sabe também que emocionalismo pode tomar aparência de manifestação divina. 

É por este motivo que muita gente confunde música de inspiração religiosa com músicas que mexem com nosso emocional. Ambas podem trazer letras que falem de Deus ou de Nossa Senhora. Mas infelizmente nem todas nos conduzem a Deus ou à Nossa Senhora. 

Infelizmente muitos bons e ungidos cantores e cantoras cristãos tem se servido desse tipo de emocionalismo para fazer suas platéias cantarem. Ele se servem de um sucesso secular para se impôr no palco. Esta prática é muito comum em bandas que estão começando, mas que ainda têm medo de mostrar seu próprio talento. É uma insegurança do ministério.

É válido lembrar que espiritualmente, o fato de uma platéia se agitar e dançar freneticamente não significa ação autêntica do Espírito Santo. O demônio pode muito bem se servir do meu violão para mostrar suas unhas.

O TESTEMUNHO.
O testemunho de vida de quem toca e canta é essencial para a veracidade de nosso dom. A maioria das pessoas que criam “músicas de mensagem” não dá o testemunho de suas letras. Pelo contrário, muitas vezes vivem em oposição àquilo que escrevem e cantam.

É aquela velha historinha dos dois poetas que foram num concurso. Ambos declamaram o mesmo poema, o Salmo 22. Um foi aplaudido em pé. O outro, fez o público chorar torrencialmente. Aquele que foi aplaudido em pé perguntou para seu concorrente o que fez com que a platéia chorasse. O outro respondeu: "você conhece o poema do poeta. Eu conheço o poeta do poema". 

Portanto, conhecer o Autor principal em nosso ministério é primordial para tocar os corações. E tocar os corações não é o intuito principal de um ministério de música?

O ESGOTAMENTO DA UNÇÃO. 
Aqueles que optam por incluir músicas seculares em seus projetos, acabam caindo um dia no descrédito. Por mais que alguém fale o contrário, os fatos mostram isso. Todas as pessoas que se deixaram levar por esta prática foram, aos poucos, perdendo a unção. Atenção: não confunda unção com emocionalismo.

E o pior: quando abrem suas bocas tão benditas acabam por destruir mais do que construir. Tornam-se profetas ao avesso. Ao invés de levar a Boa Nova, gostam de dar lições de moral ou falsos ensinamentos para o povo. 

Lembre-se que ser ungido não é ser o especial e sim ser portador de uma vontade de Deus que deve se manifestar ao povo.

FIM DE CARREIRA. 
Bons músicos e excelentes ministros de música estão enveredando por este caminho, algumas vezes sem volta. Tornam-se ídolos de uma geração. Enchem platéias. Mexem televisões. Mas podem estar a caminho da morte espiritual de seu ministério. Diz a bela e antiga canção “só é perene a vida que vem do Senhor”.

Tudo tem um fim. As Escrituras afirmam que tudo passará. Os dons carismáticos passarão. Nossa vida, nossos amigos, tudo passa. Só não passa o Amor. E o Amor é Deus. Tenho para mim que quanto mais se ama a obra de Deus menos se quer comprometê-la com atitudes impensadas e falta de discernimento carismático.

A questão não é parar ou não de tocar músicas seculares em seu ministério, e sim, observar a qualidade do amor que seu ministério oferece ao povo. Eu nunca ofereceria algo para meu filho que pudesse comprometer sua sexualidade, suas emoções, seu desempenho intelectual...só porque eu gosto de determinada coisa. Ninguém oferece um vício para outra pessoa. O que oferecemos é a Verdade que liberta. Oferecemos a liberdade em relação às falcatruas do mundo e às prisões emocionais que muitos se encontram. Oferecer algo diferente disto é fazer com que a platéia saia de nossos shows rebolando para todos os lados, sorrindo mas, ainda em cadeias espirituais.

O Amor de Deus é a melhor oferta que podemos dar ao povo. O Amor é o intrumento da transformação de vidas. Não pense que bom show é aquele que teve muita gente e que tudo deu certo no palco. Uma rodinha de pessoas, um refrigerante e um violãozinho conseguem arrebatar corações em carros de fogo do Espírito Santo.

Deus tem um plano. Estamos inclusos nesse plano. E também somos divulgadores deste plano. Nossa meta é fazer com que a Vontade de Deus chegue aos irmãos com qualidade sim, mas também com pureza, sem máculas, sem manchas humanas. Não caia na tentação de ser ídolo e nem de oferecer aquilo o que o povo "gosta". Ofereça Deus.

"...porque és um povo consagrado ao Senhor, teu Deus, o qual te escolheu para ser um povo que lhe pertença de um modo exclusivo entre todas as outras nações da terra." (Deut. 14,2).


(Fonte:  Blogs Católicos. Texto de Silvinho Zabisky)

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