Abrir aspas... "
José Amarildo é um perfeito músico cristão. Além de instrumentista, ele é letrista, versionista e compositor. Toca vários instrumentos. Tinha começado pelo violão acústico, com suaves cordas de nylon, mas percebeu que o contrabaixo elétrico fazia mais barulho e trocou de máquina. Outro dia, confidenciou-me que pensa em estudar bateria: o estardalhaço será ainda maior...
José Amarildo tem horror ao mundo amargo. A realidade lhe dá arrepios A maioria de seus refrões abre espaço para uns versinhos que cantam: no céu, no céu... Claro: não faltariam jamais anjos subindo e descendo, Jerusaléns ionosféricas e bucólicas descrições do Éden perdido.. Questões sociais - aquelas preferidas por Leão XIII - jamais invadirão sua obra poética.
José Amaraldo tem um sistema peculiar de composição. Quando está de namoro firme, sua inspiração evangélica simplesmente desaparece. Se, porém, as namoradas se enfadam e o mandam passear, é aí que as musas o inflamam de irresistível estro criador e ele passa a declarar amor a Jesus, como se o Rabi da Galiléia fosse sua amada. Outro dia, ele vinha de ônibus e começou a cantarolar um refrão espetacular, que falava de abraçar São miguel Arcanjo no céu, no Último Dia. Por infortúnio, nossos artista viu um mendigo caído na calçada e a inspiração foi-se embora. Uma pena!
José Amoraldo já foi aquele tipo de garoto simpático e comunicativo, que tocava violão com as tias e os primos, nas reuniões caseiras. hoje, depois de ter gravado um CD e meio ( o segundo anda meio agarrado...), recebendo direitos autorais e cobrando caro para "shows" pretensamente evangelizadores, vestiu a máscara de artista e ficou não muito acessível. É a vida...
José Esmeraldo não estudou música. Ele acredita piamente em uma espécie de "inspiração" que vem do alto, quimicamente pura. Sem nenhum esmero, Esmeraldo não domina a "artinha". Nunca ouviu falar em dinâmica musical, com seus pianíssimos e mezzofortes.
Ignora os acordes e diminuta. Desconhece a rica variedade de gêneros musicais do folclore e da cultura brasileira. Muito marcado pelo rock esgoelado pelas emissoras de rádio, resumiu sua harmonia a dois acordes - tal vez três! - executados no volume máximo. Na verdade, ele não "toca" seus instrumentos: "bate" neles! Coitados!
O pároco, Padre Malaventura, já tentou várias vezes que a Banda de Amarildo adotasse uma postura musical mais condizente com a ação litúrgica, baixando o volume, afinando as guitarras e cantando a meia-voz. A garotada sorri diante da ingenuidade do reverendo, óbvio ignorante em matéria de moda musical. Com isso, o saxofone continua com seus gargarejos, as guitarras com seus miados.
Em tempo: a Igreja está cada vez mais vazia. Qualquer dia desses, o raro talento musical de José Amarildo e sua banda ficará para sempre desperdiçado, sem ninguém na platéia para ouvir o desconcerto, exceto o sacristão e a Dona Toniquinha... Por dever de ofício, é claro!"
(Fonte: Jornal o Lutador, por Carlos Scheid. Edição número 3696. Editora O Lutador)
3 comentários:
Ái ái...Silvinho e seus posts...rssss Que Deus o abençoe pela sua coragem de ir contra a maré. Realmente um dia ao olhar para tudo o que fez pode ser tarde e ninguém realmente foi tocado.
Esse nem a Dondôra vai querer como membro. rsss
Abração.
Artur Giovanni deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A MÚSICA DE AMARILDO":
Ái ái...Silvinho e seus posts...rssss Que Deus o abençoe pela sua coragem de ir contra a maré. Realmente um dia ao olhar para tudo o que fez pode ser tarde e ninguém realmente foi tocado.
Esse nem a Dondôra vai querer como membro. rsss
Abração.
Muito bom, Silvinho!
Que eu jamais seja um "amarildo".
Abraço.
Marcela (de Guaíra, agora em Curitiba, lembra?).
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