"A vaidade quando queima deixa a pele insensível. Ela é fogo que arde de tanto se ver, de tanto se exibir".
Todo Dom nasce perfeito e cresce imperfeito. Claro. Deus quis contar com instrumentos insuficientes. Deus se basta, Ele é e fim. Mas, não quis encerrar-Se em Si mesmo. Ele compartilhou aquilo que Ele É no Homem e Mulher. Mesmo sabendo que isso poderia "entortar" a Sua imagem, Deus não conteve sua doação e transbordou Sua divindade no ser humano mostrando para todos que, mesmo imperfeito, um filho ou filha de Deus pode manifestá-Lo aqui na terra.
Que missão! Que árduo e muitas vezes penoso ofício. E não há lá tantas vantagens pessoais. E deve ser assim. Quem tira vantagem da nossa missão é Deus e as pessoas. Quando as vantagens de servir a Deus alcançarem nosso bolso e nossos objetivos pessoais é porque alguma coisa está fora de ordem.
Na máfia, em certas culturas ou em algumas teologias estranhas, os fins justificam os meios. No Reino de Deus os fins justificam minha ida pro céu ou pro inferno.
Quando eu uso de meu Ministério de Música ou das Artes para o meu bel prazer, lucrar e praticar o inconveniente e escandaloso eu dou carta de alforria para que a vaidade domine meu corpo e amorteça minha oração e minha missão.
E estamos vivendo um tempo assim na Igreja devido às fortes influências do mundo. Uma moção nada profética nem tão pouco nascida da vontade de Deus tem sublimado muitos ministros e de música e ministros das artes. Um leve vento estranho, causador de pneumonia espiritual tem esfriado muita gente. Aquilo que era mais simples e sem a complexidade que o mundo exige erigiu estátuas de mim mesmo.
Anos atrás Deus tinha entre Ele e o seu povo um ministro de música católica. Hoje em dia entre Deus e o povo temos (anote aí)
- a loja de instrumentos,
- a marca do afinador,
- a potência do microfone,
- o agenciador,
- o patrocinador,
- o patrocinador,
- a ginástica de pilates (bom nome, hein!),
- a marca da calça jeans,
- a editora do meu CD,
- o evento de lançamento dos 50 anos de vida do meu poodle,
- as passagens aéreas da tam ou da gol,
- os notebooks com pen drivers das operadoras 3G e 4G pra que eu possa twittar quantas vezes eu fiz xixi durante o vôo,
- o tipo de comida do meu camarim,
- o "air claimber" da Polishop no meu quarto
- se minha água mineral tem bário e sódio nas medidas certas.
- quanto vou faturar pelo evento,
- quanto de CD e DVD eu tenho direito no contrato
- se o som está de acordo com o que eu gosto
- se tem academia próximo ao hotel que eu ficarei
e outras "coisitas" mais.
O demônio é esperto, mas nunca eficaz. Ele belisca e fere, mas não vence. Ele sabe que oferecendo tudo aquilo que eu gosto e enchendo os meus olhos de conquistas pessoais provavelmente eu desvie um pouco ou "um muito" o meu dom e o meu ministério da verdadeira Vontade de Deus e da sintonia com a Igreja.
E a gente sabe que ministério de música e artes é um perigoso espelho nada translúcido. Minha música nunca deve servir aos meus próprios interesses. Meu ministério não pode colocar a evangelização refém do mundo.
Antigamente era sonho de todo "artista" de Deus gravar com o padre Zezinho, com o padre Jonas, com o padre Irala, com o padre Joãozinho, com a Irmã Miriam, com o Martin Valverde... hoje, o sonho ultrapassou as barreiras do discernimento e, ao invés de solidificar mais a nossa arte na pureza do criador, "a gente vai se bastando" e se maravilhando com o baixista da banda da Bahia, com o saxofonista da banda do rio de janeiro, com a cantora de expressão nacional ou com o garotinho da banda sertaneja que está em ascensão por no máximo 4 anos.
Enquanto os filhos da Luz não manifestarem suas lâmpadas fica difícil evangelizar. Fazer aqueles que estão no mundo mundo gostar de nós e dos nossos DVD´s gravados ao vivo no credicard haal, no hsbc Brasil, no all of Jazz ou no via funchal não nos dá uma habilitação de evangelizadores. Fará sim, uma rápida manifestação idólatra mas, nunca um eficaz evangelizador pelo ministério de música ou das Artes.
Deus queira que este tempo seja passageiro e que muitos - senão todos - retornem novamente às origens de seus carismas e de seus dons, reconhecendo diante do mundo que "somos de Deus". Que nossa música e nossa arte é Deus e que Ele quer a todos.