quinta-feira, 17 de junho de 2010

A MÚSICA DE AMARILDO

Abrir aspas... "

José Amarildo é um perfeito músico cristão. Além de instrumentista, ele é letrista, versionista e compositor. Toca vários instrumentos. Tinha começado pelo violão acústico, com suaves cordas de nylon, mas percebeu que o contrabaixo elétrico fazia mais barulho e trocou de máquina. Outro dia, confidenciou-me que pensa em estudar bateria: o estardalhaço será ainda maior...

José Amarildo tem horror ao mundo amargo. A realidade lhe dá arrepios A maioria de seus refrões abre espaço para uns versinhos que cantam: no céu, no céu... Claro: não faltariam jamais anjos subindo e descendo, Jerusaléns ionosféricas e bucólicas descrições do Éden perdido.. Questões sociais - aquelas preferidas por Leão XIII - jamais invadirão sua obra poética.

José Amaraldo tem um sistema peculiar de composição. Quando está de namoro firme, sua inspiração evangélica simplesmente desaparece. Se, porém, as namoradas se enfadam e o mandam passear, é aí que as musas o inflamam de irresistível estro criador e ele passa a declarar amor a Jesus, como se o Rabi da Galiléia fosse sua amada. Outro dia, ele vinha de ônibus e começou a cantarolar um refrão espetacular, que falava de abraçar São miguel Arcanjo no céu, no Último Dia. Por infortúnio, nossos artista viu um mendigo caído na calçada e a inspiração foi-se embora. Uma pena!

José Amoraldo já foi aquele tipo de garoto simpático e comunicativo, que tocava violão com as tias e os primos, nas reuniões caseiras. hoje, depois de ter gravado um CD e meio ( o segundo anda meio agarrado...), recebendo direitos autorais e cobrando caro para "shows" pretensamente evangelizadores, vestiu a máscara de artista e ficou não muito acessível. É a vida...

José Esmeraldo não estudou música. Ele acredita piamente em uma espécie de "inspiração" que vem do alto, quimicamente pura. Sem nenhum esmero, Esmeraldo não domina a "artinha". Nunca ouviu falar em dinâmica musical, com seus pianíssimos e mezzofortes
Ignora os acordes e diminuta. Desconhece a rica variedade de gêneros musicais do folclore e da cultura brasileira. Muito marcado pelo rock esgoelado pelas emissoras de rádio, resumiu sua harmonia a dois acordes - tal vez três! - executados no volume máximo. Na verdade, ele não "toca" seus instrumentos: "bate" neles! Coitados!

O pároco, Padre Malaventura, já tentou várias vezes que a Banda de Amarildo adotasse uma postura musical mais condizente com a ação litúrgica, baixando o volume, afinando as guitarras e cantando a meia-voz. A garotada sorri diante da ingenuidade do reverendo, óbvio ignorante em matéria de moda musical. Com isso, o saxofone continua com seus gargarejos, as guitarras com seus miados.

Em tempo: a Igreja está cada vez mais vazia. Qualquer dia desses, o raro talento musical de José Amarildo e sua banda ficará para sempre desperdiçado, sem ninguém na platéia para ouvir o desconcerto, exceto o sacristão e a Dona Toniquinha... Por dever de ofício, é claro!"

(Fonte: Jornal o Lutador, por Carlos Scheid. Edição número 3696. Editora O Lutador)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

OS NOVOS FIEIS

A maior característica de um bom ministro de música é a qualidade de sua fidelidade. 

LEVANTEM-SE, POIS, OS FIÉIS.
MESMO QUE MACHUCADOS, DOENTES, TRAÍDOS E COM FERIDAS DE MORTE.

Porque, após Sua ressurreição, o Senhor não se mostrou completamente sem feridas, em um corpo intacto, sem machucados, e sim, revelou Sua presença a Tomé através de Sua Chaga? Porque estas feridas estariam ali, em um Corpo ressurreto senão para uma indicação que foram estes sofrimentos que salvaram o mundo. É a mesma pergunta que fazemos: Porque eu sofro tanto se Deus está comigo?

As feridas do Senhor são como “placas” de sinalização com as informações necessárias para chegarmos ao nosso destino final: a eternidade. Sem estes sofrimentos não teríamos um indicativo por onde seguir. Como se viaja em uma rodovia que não tenham placas de sinalização? Será que se Tomé não tocasse a chaga ele permaneceria no caminho de Cristo?

As Escrituras são claras quando afirmam que “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja. (Col. 1,24).

Logo, ao que tudo indica, eu também sou responsável em apresentar a Salvação às pessoas. Teria uma relação entre a apresentação das chagas de Cristo a Tomé com a apresentação de nossos machucados para a salvação de alguém? Sim. O Senhor ensinou-nos a salvação de muitas pessoas exige uma oferenda de nós mesmos.


Pelos nossos sofrimentos, em Cristo, temos uma condição misteriosa de resgate e salvamentos de muitas almas. Senão, porque a Escritura diria “Crê você e sua família será salva”? (At. 16,31) senão pela certeza de que, mesmo no sofrimento, almas seriam salvas?

Esta relação de sofrimento com crença é a nova ordem deste século. Não é uma novidade em sua essência, pois, o Senhor já disse isso e sempre reafirma através da Igreja, dos santos e dos profetas destes tempos. Contudo, ela é nova na forma de se viver, nos métodos para se desenvolver e na expressão com que é anunciada.

O Senhor está chamando os “novos fieis”. Aqueles que já se lambuzaram da mentira, da vaidade, da sexualidade errada e querem beber de um Vinho novo e vestir uma nova ropuagem. Deus está convocando os novos fieis de um jeito novo. E a maior característica destes “fieis novos” são suas feridas expostas, machucados, cansaço físico, esgotamento da fé. Eles estão sendo recrutados para serem ofertórios vivos para a salvação do mundo. São os fieis da hora final. São os cristãos nascidos das bodas de Caná. Os fieis medrosos da Barca.

Os novos fieis não praticam atos de heroísmo evangélico. Não estão com Deus por causa de carro, casa, fama ou fortuna. Não ficam gritando pelas ruas chamando a atenção para si mesmos. Mas, são os que trazem em suas vidas chicotadas de velório, facadas de relacionamentos que não deram certo, mágoas de si mesmo por não terem êxito na vida. Que horror. São cristãos estranhos. Doentes, traídos, adulterados, bêbados, mesquinhos, medrosos e frustrados em seus casamentos. São pessoas que normalmente não seriam bem vindos em muitos templos. Mas, que O Senhor está convocando para se levantarem.

Tem muito fiel a Deus jogado na rua. Tem muito fiel a Deus largado em prostíbulo. Existe um grande número de jovens fieis lançados nos calabouços das drogas. Existe um número gritante de fieis a Deus perdidos nos sites pornográficos da Internet. E eles devem ser resgatados e levantados. Soerguidos. E O Senhor os chama como estandartes, para levantarem suas vidas e suas feridas como placa de sinalização. Apresentarem seus machucados pela salvação de suas famílias, dos jovens de sua casa, para a salvação do mundo.

Os “novos fieis” trazem consigo marcas eternas. Dores que não passam, só amenizam na Cruz. Por isso são tão humanos e tão misericordiosos. Só se ganha o diploma da misericórdia através da faculdade do sofrimento. É a ciência da vida.

Por fim, os novos fieis têm seus momentos de flagelo pessoal por onde sua parte “Tomé” avança desafiando fé e muitas vezes, desequilibrando e deixando um rastro devastador. E o mundo, estarrecido, não consegue compreender como estas pessoas ainda não desistiram de Deus depois de tanto sofrimento. É simples: eles não foram feitos com botão de “of”. Eles tem uma mão “colada na chaga” e a outra na humanidade. Deus nunca os abandonará. Sofrem. Sofrem muito. Choram. Sentem-se perdidos, desnorteados. Perdem entes queridos. São traídos. Não entendem nada. Mas, permanecem com Deus até o fim porque conhecem o Seu Pastor, conhecem o Seu Pai. Sabem do futuro que os espera.

CANSA SERVIR A DEUS


Não somos anjos. Por mais que algumas canções insistam em afirmar isso. E a Obra que O Senhor faz em cada um não acontece somente em plano espiritual. Ela se desenrola na história humana atingido nossa humanidade por completo. Ainda mais aquele ou aquela que procura servir verdadeiramente ao Senhor.

Todo filho de Deus carrega em si um pouco de Santo Antão, o Santo de Deserto. Chamado o pai de todos os monges,  Antão foimarcado em sua vida por um profundo desejo de amar e servir a Deus abdicando-se de coisas que seriam coumuns, desejos e vontades “normais” para viver uma vida de total subserviência.

Contudo, duas características marcam a vida e a história deste grande homem de Deus: ascese e combate. Santo Antão, em certo momento de sua vida, gastava-se muito em combates ferrenhos paradefender a sua fé.

Conta-se que, todas as tardes um leão feroz aproxima-se do acampamento do Santo para provar-lhe a fé. Voraz, queria matar Antão e servir-se de sua carne. O leão não era bobo. Sabia a qualidade da carne de um santo. E o Santo lutava bravamente para desender sua própria vida e seu o local aonde morava.

Em uma bela tarde, após violento combate com o leão, o Antão resolveu que estava muito cansado da mesma luta. O leão não mudava. E fora rezar. Reclamou. Sem medo de Seu Deus perguntou o porque destas lutas tão massantes e desgastantes. Porque sempre a mesma coisa. E pediu para que O Senhor afastasse este combate.

Deus, em Sua imensa bondade e misericórdia concordou com o pobre filho cansado. Viu que realmente Antão tinha razão. Ele estava machucado, ferido profundamente. Generosamente, Deus responde ao Santo: “Ver-te lutar me é tão prazeroso e causa-me tanta felicidade que Eu colocaria eternamante leões em tua vida, só para olhar-te vencendo por amor a Mim”.

“Por amor a Mim”. Que frase fortíssima. Que segredo revelado. Que vitamina para os coprpos cansados de Deus e da Igreja. Que recomposição para aqueles que largaram as monótonas lutas pela felicidade de seus casamentos e de suas famílias. Que novo vigor para os que se cansaram de suas vocações. Que lucro para carismáticos esgotados.

O tempo em que vivêmos é um tempo de excessivo cansaço. Um tempo que se traduz como ranhura, machucado, ferida. E é natural que cheguemos ao “final da tarde” estafados e gritemos ao Senhor: “Chega! Cansei. Fiz tudo o que podia. Preciso parar um pouco”.

Mas a obra não é nossa.A desistência não é opção para quem descobriu que a Graça suplanta tudo. Desistir é o caminho errante. Quando alguém “larga tudo” é porque nunca agarrou a obra como vontade de Deus. Quando alguém “sai” da caminhada na verdade nunca entrou. Aquele que sabe que a obra é do Senhor cansa, estafa, pode até deprimir-se mas vai até o fim.

Mas, “se com tua boca confessares que Jesus é O Senhor” (Rom. 10,9)  e que não há discípulo maior que o Mestre, compreenderemos aquilo que fora revelado a Santo Antão. Que “seja qual for o grau em que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente” (Filp. 3,16).

Ou decido desistir ou decido continuar. Uma é decisão humana. A outra, é do Espírito.

CHICOTES NA CARNE

Não conheci nenhuma estrada que tenha me levado ao destino senão pela obediência. Se na matemática a ordem dos fatores não altera o produto, no ministério de música isto não é bem assim. A obediência é uma forma do bolo. Só se consegue chegar ao produto final pela obediência. É incompleto o ministro de música que não sabe obedecer.

Mas porque a obediência é tão difícil?
Porque obedecer é morrer para si. E isso não é nada gostoso. A obediência humilha enquanto a soberba exalta. Logo, quando tenho um "ego" excessivamente voluptuoso é natural que a obediência seja um chicote na carne.

Mas não há escapatória para alguém que queira ser um bom ministro de música. Ou se apaixona pela obediência ou sai da sua paróquia quando o padre disser que seu ministério toca muito alto.

E outra, né: obedecer é imitar O Senhor em Sua forma mais ultrajante. E parece que Deus sempre "coloca" em nosso caminho superiores que não nos tratam muito bem. Claro, sinal de que nossa carne é muito soberba e precisa de amaciante. Ninguém faz churrasco com carne de segunda.

A insolência e a imaturidade são arqui-inimigas dos ministros de música. Uma põe abaixo a Obra de restauração pessoal que Deus precisa fazer. E a outra não nos permite fixar a Vontade de Deus através de nosso dom.

Não sei quantas vezes você já foi chicoteado(a). Mas, suas feridas são proporcionais à obra que Deus quer fazer em você e por você. O caminho da Salvação passou, necessariamente pelos chicotes em Jesus. Ora, quer salvação diferente disso? Vá fazer sucesso então.